domingo, 18 de outubro de 2009

Tentativa de conciliação: uma oportunidade que Caçador perdeu

Aos poucos, neste espaço virtual, apresentarei aos amigos alguns fatos (verdadeiros, verídicos) havidos nos bastidores dos acontecimentos de setembro e outubro de 2009, envolvendo as presidências da Fundação UnC-Caçador, a presidência da Fundação UnC, a Reitoria da UnC, o Ministério Público de SC e a Comissão de Detalhamento do Processso pró-Unificação da UnC – acontecimentos estes que brindaram Caçador com a maior tragédia educacional da sua História: em resumo, de ir contra uma Universidade criada pelos próprios caçadorenses; em suma: por causa de disputas pelo poder de mando entre educadores e não-educadores.

Farei isso pois entendo que, como historiador, não posso deixar que tais fatos que caiam na amnésia social da História da Educação Superior em Caçador e no Contestado.

Hoje, vou contar que...

Em plena realização da Assembléia Geral da Fundação UnC-Caçador, lá pela meia-noite de 6 de outubro, depois de cinco horas de discussões que pouco estavam acrescentando à decisão já tomada antes da reunião, claramente das presidências da entidade de induzir os membros à votarem contra a proposta de unificação administrativa, econômica, patrimonial e financeira da UnC proposta pelo Ministério Público de Santa Catarina, ali representado pela 25ª Promotoria de Justiça da Capítal.

O empresário Sandoval Caramori, líder do Grupo Reunidas S/A, membro da Assembléia Geral, meu amigo de há muitos anos e de muitas jornadas, chamou-me para fora da sala da reunião e, no corredor do 3º pavimento do Bloco D do campus, na presença de algumas outras pessoas, disse-me claramente saber que, naquele momento, eu liderava segmentos importantes do movimento de defesa da integridade da UnC, que lutavam pelo voto de “sim” à “unificação já”. Falou que ele representava, ali, a opinião de muitos empresários de destaque na cidade, presentes à reunião, que não se consideravam suficientemente informados sobre a questão para votar com lucidez.

Sandoval confidenciou a mim e aos demais que estavam no corredor, que achava que ninguém, entre os membros chamados à Assembléia, teve tempo hábil para analisar os prós e os contras da “unificação”, só a partir dos discursos das partes, e que ninguém ali conheceu a tempo os termos de um documento elaborado por uma comissão que teria sido designada pelo Conselho Curador da Fundação UnC-Caçador. Respondi que era da mesma opinião e que, só isso, bastaria para que fosse pedida em Juízo a anulação de qualquer resultado da votação que aconteceria em seguida – votação que, de fato, aconteceu, uma hora depois.

Não nego que fiquei surpreso com a proposta que Sandoval me apresentou. Foi mais ou menos essa: “Vamos pedir a suspensão desta assembléia, vamos levantar a reunião, deixá-la aberta, sem votação, e amanhã vamos a Florianópolis, vamos acionar o Conselho Estadual de Educação, levar a eles este problema, pedir que venham em nosso auxílio para esclarecer melhor o que é o que nesta briga, que só está prejudicando nossa sociedade. Não precisamos votar e decidir hoje, isso pode ficar para um pouco mais adiante. Vamos buscar conciliação”. Ele pode ter usado outras palavras, mas no calor das discussões, foi isso que entendi.

Diante da proposta, consultei, ainda que rapidamente, algumas das pessoas que estavam no círculo, em pleno corredor, de todos obtendo aprovação à idéia. Então, com consciência e de maneira firma, olhei Sandoval Caramori tipo cara-a-cara e disse-lhe: “Vai lá, fala com o presidente da Mesa (o cirurgião-dentista Luiz Eugênio Beltrami) e apresente a sua proposta, com meu aval pessoal e de muitos que estão com você e comigo nessa tentativa. Se precisar que eu me manifeste a favor desta sua proposta, estarei lá sentado na platéia”.

Vi quando Sandoval chegou à Mesa, enquanto Jaime Vivan lia ao microfone o tal parecer da tal comissão, contra a unificação. Sandoval se posicionou por trás do presidente da Assembléia e falou ao pé-do-ouvido o que tinha que falar. Fiquei “na botuca” (como diz o caboclo). Também pude ver, na sequência, a expressão de surpresa do presidente e, em seguida, o seu balancear de cabeça pra lá e pra cá, abanos que sabemos ser do “não, não e não”.

Sandoval Caramori, de lá da frente, mirou em mim, mostrando um misto de tristeza e de decepção e, sem falar, fez aquele gesto do “ele não quis nem saber da minha idéia....”

Ato seguinte, quando terminou a ladainha apresentada por Jaime Vivan, o citado presidente colocou a matéria em votação... e deu naquilo que todos sabiam no que ia dar: o atendimento aos apelos da comissão, feitos por telefonemas durante o dia aos membros da Assembléia, e, dois por um, contra a unificação.

Do que acabo de escrever e publicar, cada um que tire suas conclusões.

Nilson Thomé, 18/10/2009.

PS: Já havia feito esta postagem, quando, lendo-a, o prof. Ludimar Pegoraro, meu colega de "infortúnio" na UnC-Caçador, ligou informando que participou do círculo, tendo sido dele a sugestão a Sandoval Caramori de chamar o Conselho Estadual de Educação. Fica aqui o registro.

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