quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Por uma UnC mais universidade - 20

Contestado: Caçador perdeu por 52x26 uma batalha, não a guerra !

Reunida na noite de terça-feira 6 de setembro, a Assembléia da Fundação Universidade do Contestado Campus de Caçador deliberou por 52 votos a favor e 26 contrários, que esta entidade local deixa de participar do processo de unificação administrativa da UnC, conforme a proposta elaborada pelos dirigentes das entidades parceiras de Canoinhas, Curitibanos, Mafra, Concórdia e da Reitoria, assim, consequentemente, decidindo abandonar a Universidade do Contestado e seguir “carreira solo”, com, o indicativo de criar e manter um centro universitário independente.
De forma bem nua e crua, pode-se resumir: a decisão da maioria dos professores e funcionários, a decisão da maioria dos alunos, a decisão da maioria dos Vereadores, a favor da unificação e manutenção da Fundação UnC-Caçador na UnC, associada à maioria das unidades das cidades parceiras, tudo isso, foi para o brejo pelo “x” no voto de 52 pessoas da sociedade local, estas na maioria praticamente todas da classe empresarial caçadorense, com pouco ou nenhum vínculo direto com a academia.
Sou democrático, respeito a decisão da maioria, ainda que não seja obrigado a acatá-la por forças de mil e uma contingências. A Assembléia, segundo o estatuto vigente da Fundação, é soberana em sua decisão; isso não se discute, mas trata-se de apenas uma entre outras esferas com poder de decisão. O que entra em debate no pós-reunião são as influências que determinaram tal posição contrária à UnC e os desdobramentos do dia seguinte, quando surgir uma nova aurora...
Não vou comentar aqui a minha indignação pessoal contra o que aconteceu na reunião e sobre esta decisão daqueles que a tomaram, os quais, a contar de agora, devem assumir conscientemente a responsabilidade de tudo o que vier a acontecer a partir desta nefasta tomada de decisão. A imprensa paga, que reproduz os press releases produzidos pela assessoria dos dirigentes da Fundação local, faz este papel.
Vou dedicar este espaço, que da mesma forma como minhas 19 crônicas anteriores e mais o blog , há de percorrer o espectro da cibersociedade de todo o mundo, através das redes universitárias de comunicação científica às quais tenho livre acesso, traduzido em várias línguas, para homenagear os grupos majoritários em qualidade e em quantidade que, pasmem, foram derrotados pelo poderio econômico de 52 pessoas de Caçador.
Primeiro, quero registrar os cumprimentos aos colegas professores do quadro do magistério superior da UnC de Caçador, pela tomada de posição em defesa da nossa universidade. Não esperava outra posição destes companheiros, mas a forma firme, consciente e decidida, surpreendeu, pois enfrentaram a opressão. Da mesma forma, fica o abraço amigo aos funcionários, um corpo de abnegados assalariados, muitos deles ameaçados de perder o emprego, que reagiram e se colocaram em favor da UnC, ou melhor, contrários a desintegração da universidade.
O cumprimento maior, efusivo, caloroso, é extensivo aos cerca de dois mil alunos de todas as turmas de todos os cursos de graduação que a UnC oferece em Caçador e em Fraiburgo, por não terem tido medo de pintar a cara de verde-amarelo (cores do Brasil) e de azul-vermelho (cores de Caçador e da UnC), por não temerem represálias ao sair às ruas com faixas e cartazes, promovendo passeatas e apitaços, no sol e na chuva, de dia e de noite, cantando e gritando “unificação já”, “deixem a UnC viver”, “a UnC é de Caçador” ou “Caçador quer continuar sendo UnC”.
Durante praticamente uma semana este segmento da comunidade acadêmica mandou seu recado à Assembléia da Fundação UnC-Caçador, mensagem que não foi assimilada por 52 votantes, eles que, numa única noitada de seis horas de ouvidos, por vontade própria (alguns talvez pressionados, quem sabe?) optaram por jogar no lixo um trabalho de vinte anos de parceria na Região do Contestado. Os alunos, nosso filhos, netos, sobrinhos, parentes, vizinhos, colegas de trabalho, amigos da turma, deram uma demonstração ímpar, de fazer inveja até aos hoje veteranos que se manifestavam nas ruas no auge da repressão entre 1968 e 1975.
Estudantes universitários de Caçador e de Fraiburgo: parabéns! A Educação Superior do Contestado será grata, sempre, ao apoio de vocês a essa nobre causa, que continua, pois a guerra não foi perdida por causa de uma derrota por 52x26 em uma das batalhas.
Nilson Thomé, 07/09/2009.

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