quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Por uma UnC mais universidade - 19

O 2 de outubro ficará na História da Educação Superior de Caçador


Na noite de segunda-feira, 5 de outubro, junto a um grupo de professores do magistério superior, fui assistir a assembléia convocada pelo Diretório Central dos Estudantes do Campus Universitário da UnC de Caçador, no Teatro do Contestado, por volta das 20 horas já totalmente lotado, então com algo entre mil e quinhentos alunos dos cursos de graduação, melhor ainda, em torno de 2/3 do alunado de nível universitário desta cidade. O restante 1/3 não compareceu, pois só tem aulas às sextas-feiras e sábados, em regime especial.
Estava curioso para ver e ouvir nossos alunos, uma vez que a iniciativa da assembléia foi inteiramente deles, sem interferências de quem quer que fosse, da direção pedagógica ou da direção administrativa do campus. Ao chegar à entrada do recinto, mais de dez guardas patrimoniais enfileirados acompanhavam o ingresso da platéia Pessoalmente, pedi ao comandante do pelotão. que retirasse os vigilantes, pois que não eram necessários. Os alunos, ali presentes, poderiam ser seus filhos, irmãos, sobrinhos, vizinhos, que se dirigiam a um ato pacífico. Ele concordou comigo (apesar de ter recebido ordens em contrário) e somente quatro guardas ficaram no plantão. Com isso, o clima pesado da intimidação foi amainado e os estudantes ficaram um pouco mais aliviados.
Sentei no chão do corredor e dali assisti as discussões, até que a platéia exigiu minha participação na Mesa. Subi ao palco, mas fiz questão de não sentar à Mesa, e sim, numa cadeira ao lado, distante da tal Mesa, e para fazer companhia, chamei o prof. Ludimar, companheiro de doutorado desafortunado em Educação e alijado do processo de discussões tanto quanto eu. Tivemos a oportunidade fazer nossos pronunciamentos com total liberdade. Fomos aplaudidos e ovacionados pela platéia, sim. Já outros oradores, representando o lado dos dirigentes administrativos da Fundação UnC-Caçador, pelas palavras e pela postura arrogante e prepotente ante os alunos, foram vaiados, vaiados e vaiados.
Particularmente, como “historiadoriznho que não entende nada de administração” (nas palavras de um dos dirigentes da Fundação UnC-Caçador, ditas em sala de aula), falei aos estudantes, praticamente todos também meus alunos do dia-a-dia de sala-de-aula em diversos cursos superiores, nas disciplinas em que atuo como professor-horista. Pela oportunidade que me foi concedida, registro meu sincero e feliz agradecimento.
Ao final, o DCE colocou em votação: SIM para a continuidade da Fundação UnC-Caçador na Universidade do Contestado, apoiando o processo de unificação, ou NÃO, pela retirada da entidade local da nossa UnC, sendo contra a unificação administrativa. Dentro os quase 1.500 estudantes, algo entre quatro a seis alunos votaram pelo “não”. A maioria, esmagadora, manifestou o desejo da categoria, de manter a Fundação de Caçador na UnC. Esta decisão, aliás, foi a mesma da conclusão a que chegou a maioria dos professores e dos funcionários do Campus na sua assembléia da sexta-feira 2 de outubro.
A sessão dos alunos foi ruidosa, pelos apitos, gritos de ordem, risos, vaias, aplausos, confetes, papel picado, tudo o que se poderia esperar de uma assembléia livre, independente, aberta, cristalina, de uma plêiade de jovens, adolescentes (e muitos adultos também), felizes por poderem se expressar sem a pressão do poder (político, econômico, patrimonial, financeiro) e sem a presença da polícia.
O que ficou claro para toda a comunidade acadêmica de Caçador foi que, infelizmente, o representante que a Assembléia Geral da Fundação UnC-Caçador havia escolhido e indicado em março p.p. para representar esta instituição no interior da Comissão de Detalhamento junto ao Ministério Público de Santa Catarina, não agiu como deveria. Além de não comparecer às reuniões, mandou prepostos, representantes ou mensagens por e-mail. Com isso, não trouxe as idéias em discussão na Comissão, para serem discutidas paulatinamente no Campus, junto as bases, deixando a todos desinformados. Pecou pela omissão e colocou Caçador em xeque-mate na UnC nos últimos dias da exigência legal para um decisão final: fica na UnC ou sai da UnC. Por isso, a decisão dos alunos: vamos ficar na UnC para poder discutir as mudanças dentro da UnC. Saindo dela, não mais nossa Instituição faria parte do grupo.
A classe estudantil de Caçador está de parabéns! “Nunca na história desta cidade” (expressão lulista) se viu algo igual. A cidade de Caçador sente-se orgulhosa pela postura de seus filhos na universidade.

Nilson Thomé, 06/10/2009.

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