Pela segunda vez em poucos dias, dirigentes que estão no poder (mais aqueles que assopram) na Fundação UnC-Caçador e assim querem permanecer, valeram-se de advogados de fora de Caçador (dizem que muito bem pagos, por sinal) para se municiarem com pareceres jurídicos favoráveis a uma decisão: sugerindo indiretamente a retirada da Fundação local da UnC, sob inconsistentes alegações, inclusive a de que a unificação administrativa da manutenção da Universidade do Contestado seria nefasta para Caçador...
Papel aceita tudo. Inclusive aceita exposições de pouco ou nenhum nexo por quem tem o interesse de assim expor. Por isso, papel aceita, por exemplo, o escrito encomendado de que se a entidade Fundação Universidade do Contestado Campus de Caçador decidir se retirar da Universidade do Contestado, ela (a local) ficará detentora dos cursos de graduação, dos alunos e dos professores da UnC, com o que “em trinta dias” se transformará em “Centro Universitário” por processo simples e rápido no Conselho Estadual de Educação, sem prejuízo para os acadêmicos... e então poderá mandar a UnC às favas... passando a ter vida “independente”. Pois é... papel aceita de tudo!
Até há um tempo atrás, constituíamos um pequeno grupo de seis mestres-doutores e mestres-doutorandos em Educação atuando na UnC-Caçador. Depois de 2007, dois foram chamados pelos dirigentes administrativos para “pedir a conta e se mandar” (perdemos dois dos maiores expoentes do Brasil em pesquisas na área). Dois trataram de pedir a conta por motivos diferentes e foram buscar trabalho em outras universidades em Curitiba. Fora estes quatro, outros dois (incluindo este que vos escreve) teimamos em continuar na UnC-Caçador. Esta nossa mini-comunidade pensante, sempre em sintonia com outros intelectuais doutores em Educação dos demais campi da UnC, investigamos, pensamos, analisamos, discutimos “universidade”, onde, claro, também nos envolvemos com aspectos jurídicos.
Há quase dez anos corridos, entre nós e nos contatos com colegas de outras plagas, pesquisamos e estudamos a Educação Superior Brasileira (leia-se: estudamos Universidades, Centros Universitários, Faculdades e Cursos) à luz do conjunto da legislação e dos atos legais emanados pelo Ministério da Educação, pelo Conselho Federal de Educação, pelo Conselho Estadual de Educação e por toda a complexidade de órgãos, de leis, pareceres e normas que regulam, orientam e fiscalizam a Educação neste país.
E, pasmem! De repente somos surpreendidos por papéis escritos por advogados (que não conhecemos), dizendo que... [nem vamos reproduzir aqui os conteúdos dos “pareceres jurídicos” feitos por encomenda]. Pô! honestamente: não somos ignorantes, nem burros e nem idiotas! A quem querem enrolar, e porque querem enganar, a gente sabe. Onde querem chegar, também sabemos. Por isso, ousamos bater de frente e dizer: tais pareceres jurídicos são no mínimo discutíveis linha-a-linha!!! Os cursos de graduação oferecidos em Caçador pela UnC foram criados pela UnC e pertencem à UnC. Os alunos estão matriculados na UnC e não no campus. Nós, que militamos na Educação, buscamos aperfeiçoamento obrigatório também no Direito... e isso não quer dizer que quem trabalha no Direito necessite se aprofundar em Educação...
A imprensa publica a manchete que mandam publicar: “unificação ou independência?”
Respondemos: unificação e independência!!! Com “e” e não com “ou”.
A Universidade do Contestado é uma instituição autônoma e independente pedagogicamente desde que foi autorizada e reconhecida. A sua mantenedora, ao contrário, funcionando desunida e desestruturada administrativamente, tem sido por demais dependente, porque tem permanecido atrelada a grupos exacerbadamente bairristas, pois que corporações locais fazem dela um puxa-puxa, cada qual querendo agarrar mais para seu lado, cada um querendo mandar mais que o outro...
Insistimos na nossa tecla: estamos defendendo a existência e a integridade da Universidade do Contestado, sediada em Caçador, para que continue atuando na região, como uma universidade sonhada, idealizada e construída pela sociedade regional, portanto, também pelos caçadorenses, mas não só por nós, caçadorenses.
Nilson Thomé, 02/10/2009.
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