quarta-feira, 21 de outubro de 2009

“No mato sem cachorro”!!! Faz-me rir (melhor, chorar), senhor doutor!!!

Nas últimas noites (de aulas noturnas), e dias de fins-de-semana, tanto quanto possível, tenho percorrido salas de aulas, hall, cantina, corredores, biblioteca, laboratórios e demais espaços acadêmicos do Campus de Caçador da UnC, quando converso com os estudantes e, como seu professor, cara-a-cara, sinto as angústias, as incertezas, os problemas as indecisões, de cada um deles. Não sei ao certo quantos são, possivelmente 1.500 alunos em Caçador, divididos por turmas e espalhados nos diversos cursos de graduação, em regime regular e em regime especial, todos com um ponto em comum: muita apreensão.

Li a nota expedida pela assessoria de imprensa da Fundação UnC-Caçador dia 20 de outubro, que sai “ipisis litteris” imediatamente na imprensa paga local, dando conta de que o Promotor de Justiça de Florianópolis, diante da confusão armada no interior das mantenedoras da Universidade do Contestado, recomendou à direção acadêmica do Campus de Caçador “a continuidade plena das aulas, com o objetivo de evitar qualquer prejuízo aos acadêmicos”.

Não sei se devo levar a sério [ou não] esta recomendação da 25ª Promotoria de Justiça da Capital, pois não há mais como “evitar qualquer prejuízo aos acadêmicos”, uma vez que os alunos já estão no prejuízo... e que prejuízo! Perdas, aliás, não só dos acadêmicos matriculados, mas também dos egressos do ensino médio que pensavam em ingressar na UnC e, mais ainda, prejuízo direito para quem vier a MANDAR na imaginável possível “instituição de ensino superior” que se pretende para Caçador em substituição a UnC, pela considerável diminuição, de perda de possíveis vestibulandos e, consequentemente, de alunos em 2010.

Aproveitei a semana também para conversar com alunos do ensino médio de colégios do Estado e particulares, de Caçador e de duas cidades vizinhas, para saber de seus interesses em estudar Educação Superior em Caçador no próximo ano... e constatei a triste realidade da réplica dos jovens: em Caçador? onde? em que curso? em que faculdade? nem UnC tem mais! Só me faltou ouvir: “Em Caçador, terra que liquida uma universidade a cada vinte anos, nunca mais!”

A Universidade do Contestado não abriu vagas nos concursos vestibulares de verão em Caçador em 2010. De quebra, a Fundação UnC-Caçador, sem faculdade criada (legalizada, e não parida a toque de caixa como se pretende), não tem como abrir concurso vestibular de verão, cursos, turmas ou vagas para 2010 em tempo hábil de enfrentamento à concorrência... e na sobra, ficaram a UNOESC em Videira, Joaçaba e Fraiburgo, e a UNIGUAÇU de Porto União e até as UnCs de Curitibanos e de Porto União, mais a UNIPLAC de Lages, como opção mais próxima para cerca de mil jovens aptos a ingressar na Educação Superior no próximo ano.

“Evitar qualquer prejuízo aos acadêmicos”??? Faz-me rir, doutor promotor! Aliás, na verdade, faz-me chorar!!!

Então, são centenas e centenas de jovens adolescentes, que se preparavam para ingressar em cursos conforme suas vocações, e outras tantas centenas de acadêmicos, incertos sobre seu futuro na UnC, que agora estão “no mato sem cachorro” (como diziam os caboclos do Contestado). Em comum, o fato de que todos estão sem orientações sobre o que fazer.

Ora, gente, nas conversas com os alunos neste final de outubro, e nas constatações verificadas no interior do Campus de Caçador da UnC, verifiquei o considerável aumento de intenções de alunos de se transferirem, já ou no próximo ano, dos cursos da UnC-Caçador para outras instituições, principalmente para a UNOESC de Videira. Então, Caçador já está no prejuízo. Com ou sem pedido de promotor algum de “evitar prejuízos! e, pior, depois que a casa cai...

Também recebi mensagem hoje (madrugada de 21 de outubro) e-mail da “poderosa” assessoria de imprensa da Fundação UnC-Caçador, dando conta de que:

Em reunião em Florianópolis nesta terça-feira, dia 20 de outubro, dirigentes da Fundação Campus de Caçador receberam a confirmação que a Fundação Universidade do Contestado (Reitoria), reconhece a decisão de Caçador pela não-unificação, manifestando também anuência à possibilidade de transferir a mantença dos cursos existentes no Campus de Caçador tão logo seja formalizada a situação das Entidades Mantenedora e Acadêmica da referida unidade. A Reitoria também comunicou o fato ao Conselho Estadual de Educação.

Ainda ontem, 20 de outubro, pessoalmente, pedi explicações ao pessoal da Reitoria, e obtive resposta de que isso não é verdade, que a Reitoria não está transferindo os cursos existentes, dela para o campus, que isso é balela, que a UnC vai continuar, só que, como vai continuar, ninguém sabe.. E alguém aí já pensou, adicionalmente, no que “vai ser” dos cerca de 300 professores e funcionários atuantes como profissionais no Campus da UnC-Caçador, praticamente todos manifestadamente de forma pública contrários à atitude dos presidentes-patrões da empregadora Fundação UnC-Caçador?

Nilson Thomé, 21/10/2009.

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