quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Educação Superior em Caçador: sociedade deveria indiciar os irresponsáveis

Você, leitor destas crônicas independentes, já não observou que, entre os descasos, desde quando começou esta encrenca envolvendo a Educação Superior em Caçador, houve um grande esquecimento? Aqui, desde há um bom tempo, procura-se lembrar de tudo, mas esquece-se do verdadeiro patrimônio da UnC: os alunos. Amnésia acidental ou proposital, mas amnésia coletiva.

Aqui, hoje, não vamos falar dos professores e dos funcionários da UnC de Caçador, quase 400 pessoas, ainda estupefatos olhando uns para os outros, sem saber direito o que fazer diante dos desacertos que os afligem: terão onde trabalhar no ano que vem?

Ao não oferecer concurso vestibular agora em dezembro para a entrada de novas turmas nos cursos de graduação em 2010, está se praticando um gravíssimo crime contra a sociedade regional, especificamente contra a sociedade caçadorense, que todos os anos coloca algo em torno de cerca de 800 jovens, egressos do ensino médio, no mercado de trabalho, eles que buscam uma profissão ou um aperfeiçoamento profissional através dos cursos de graduação oferecidos pela Universidade do Contestado em Caçador e Fraiburgo. Estamos falando de quase mil jovens/ano, que nesta época procuram as ofertas de vestibulares da UnC... o que não encontram (por enquanto) neste verão.

Gente, estamos falando de um crime, gravíssimo mesmo, que é o de retirar da nossa juventude a esperança, a possibilidade de continuar seus estudos para alcançar uma colação de grau. Estamos falando da irresponsabilidade de dirigentes educacionais, de suprimir da população caçadorense e regional o seu direito legítimo de estudar.

Estão tirando dos nossos jovens a oportunidade de alcançar o saber!

Nós criamos a Faculdade em 1971 e na continuidade a Universidade do Contestado em 1990, justamente para oportunizar cada vez mais e melhor a Educação Superior nesta região, diante da omissão do Estado e da Nação, que em idos outros, negaram-nos a chance de poder vir a sediar um campus de uma universidade federal ou estadual. Nós criamos a nossa instituição comunitária, para proporcionar à juventude o crescimento intelectual, a aprendizagem profissional, a busca e a apreensão do conhecimento científico...

Não bastasse esta amnésia sobre aqueles que querem e gostariam de estudar aqui, verifica-se um outro novo fenômeno no interior do (ainda) Campus da UnC de Caçador: o esvaziamento. Dezenas e dezenas de alunos, de todas as fases e de todos os cursos, estão abandonando os estudos nesta Instituição. Há desistentes em todas as salas de aula, vê-se pessoal desinformado, desmotivado, desmobilizado, que preferiu abandonar o barco já que não vê rumo. Alunos procuram informações sobre outras universidades ou faculdades, providenciam transferências para o ano que vem em outras cidades. Ingressaram numa universidade bem conceituada – a do Contestado – e agora... vejam só...

E vocês, dirigentes-de-plantão, que de educadores não têm nada,alguns que mantêm seus filhos estudando confortavelmente longe daqui, já pensaram no que fizeram? Em poucas semanas, conseguiram ir às raias do absurdo, derrubar o trabalho de quarenta anos da comunidade caçadorense, quase destruindo uma universidade... utilizando instrumentos indecorosos, como as desculpas esfarrapadas criadas para iludir membros da Assembléia a votarem contra o que era (e é) uma necessária unificação administrativa de uma IES que já é unificada pedagogicamente... isso tudo a troco de que, mesmo? De querer? de poder? de mando? de imposição da lei do mais forte, aliás, do mais rico???

Irresponsáveis! Na ausência de quem os responsabilize e puna de imediato, acreditamos que a justiça social os alcançará, em breve (se Deus quiser ou não quiser) indiciando e punindo os culpados por esta aberração!!! Vocês, que não são professores, que não são do ramo, que pensam que alunos são madeiras serradas, já sentiram que o dinheiro (que dizem estar sobrando no caixa) não compra consciências, não compra lealdade, não compra amizade, e muito menos não compra respeito.

É pelos jovens, pelos nossos alunos, para que não abandonem Caçador, para que continuem acreditando nas pessoas bem intencionadas, é que nós, um grupo unido de professores, funcionários e alunos, continuamos a luta, na tentativa de ver revertida, em breve, esta triste e trágica situação. Se não conseguirmos, paciência, pelo menos tombaremos em combate, jamais por covardia de não ter lutado.

Nilson Thomé, 05/11/2009

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